[02] Irmãos Hiyori

[Miku]

O celular tocou, tocou, tocou... Mas ninguém atendeu. Tentou de novo... Agora, tinha dado que estava desligado. Estranho, sim, mas ela não podia fazer nada. Por fim, o grupo partiria sem ele. Não eram todos os grupos que iriam juntos, graças ao tamanho do ônibus. Talvez por um deslize da escola, talvez para cortar gastos, enfim...
Os grupos iam saindo de pouco a pouco, enquanto o de Miku aguardava a sua vez. Papo vai, papo vem, até que uma das meninas comenta.

- Vocês já ouviram falar desses novos rumores? - pergunta Akane.

- Ah, daqueles dos escolhidos? - Responde Fuuka, mostrando-se entendida do assunto.

- Sim, eu acho... Aparentemente, há um número estranho que está mandando mensagens aleatoriamente para várias pessoas. Mas não sei se é isso dos escolhidos. - Akane deu uma risada e coçou a nuca, sem graça.

- É, por que escolhidos? - perguntou Ruki, dessa vez.

- Aparentemente, o primeiro a receber, ou pelo menos que noticiou na internet, disse que na mensagem a pessoa disse que está atrás dos escolhidos.

- Isso parece besteira. - Nanako, que estava calada até então, acabou soltando. - Mais alguém querendo chamar atenção na internet.

- Ah, Nana-chan, não deixa de ser interessante. - Disse Akane, com a aprovação de Ruki.

- Assustador, você quis dizer, não? - Fuuko contestou, sem graça.

Era algo interessante, de fato, mas talvez Nanako estivesse certa... Ou não. O tempo passava, e nada deles serem chamados. No final daquilo tudo, só tinham dois grupos, que esperariam o próximo ônibus...

[Youta]

A professora concedeu permissão para Youta ir até a enfermaria e disse para a representante o acompanhar e certificar-se que ele chegaria bem. A menina se levantou e ofereceu apoio para o rapaz, corada. A representante, Maeda Kotori, sendo também membra de uma das famílias mais influentes da cidade (e dona da escola), era uma menina linda. Loira dos olhos azuis, com o corpo vistoso e com um charme implacável. Talvez uma das meninas mais cobiçadas da escola, sim... Porém, não era novidade para ninguém o fato dela gostar de Youta. Talvez ele não soubesse, mas grande parte das pessoas já tinham notado isso.
A menina o acompanhava timidamente pelos corredores da imensa escola, levaria algum tempo até chegar na enfermaria e Youta sabia que sua irmã, a essa altura, já devia estar por aí em Tóquio. E o tempo passando... Faltava uma hora e meia para o almoço, mas é proibido sair das dependências da escola até dar seis horas... Isso talvez fosse um problema, como se a distância até o parque correndo já não fosse.

-- O que você está sentindo, Y-Youta-kun? -- ela finalmente perguntou, com a voz bem baixa.

[Youta]

A menina permanecia corada, esboçando um sorriso um pouco menos preocupado. Mas também não disse mais nada, apenas suspirou aliviada após a resposta dele... E a enfermaria simplesmente não chegava. a escola era imensa, sim, e eles iam demorar bastante se não aumentassem a velocidade. Visto isso, a menina logo o parou, desviando o olhar para falar...

-- V... Você quer parar um pouco e beber uma água? Digo, aí você se senta ali -- apontou para um banco ali no corredor. -- e eu te trago um copo com água... Eu posso pegar ali na sala do corpo docente, aproveito e vejo se tem algum remédio para dor de cabeça...

[Escolha]
[Aceitar / Recusar]


[Miku]

Elas se entreolharam e suspiraram. De certa forma, talvez, elas esperavam isso. A maioria conhecia Miku há um ano já, então podiam deduzir isso. Fuuka e Akane começaram a rir, e Akane logo tratou de respondê-la.

-- São mensagens que até agora variaram bastante. Podem ser ameaças, pedidos, ou até previsões. Não tem como saber se todas as mensagens que postam na internet são verdadeiras, mas...

-- Na verdade, tem sim. -- Fuuka interompeu. -- Pouquíssimas se concretizaram. E todas essas mantinham um padrão, eram curtas e diretas.

-- Sim sim, mas você falou agorinha do negócio dos escolhidos e eu acabei de notar... Em todos, a pessoa é referida como escolhida.

-- Me pergunto o porquê disso...

E o tempo passava. A professora logo avisou o representante de algo, e Miku notou que seriam os próximos.  O passeio logo logo iria começar...
Então o seu celular tocou, sinalizando mensagem.

[Escolha]
[Ver / Ignorar]

[Miku]

Tudo indicava à mensagem, porém, no momento que ia ver de quem era a mensagem, acabou tomando um susto, deixando o celular cair. Isso graças à zona de duas meninas do outro grupo, que faziam cócegas uma na outra, no chão. As amigas dela olharam aquilo com uma bela cara de wtf, mas fecharam mais a cara ainda quando viram que a tela do celular de Miku estava destroçada. E se trataram de dar uns passos para trás, com medo.
Logo um dos meninos tratou de afastar uma da outra, falando que a professora estava vindo novamente. E o representante veio para por ordem naquela bagunça toda, agrupando-os. Mas isso não mudava o que acabara de acontecer...
A professora finalmente chegou e falou para os alunos irem para a van, que por fim havia chegado. O passeio ia começar...

[Youta]

A menina ficou sem palavras, começou a suar muito e a ficar mais vermelha. Aproveitou aquilo por alguns segundos, até notar o que estava acontecendo. Ela não pode evitar de dar um pulo para trás, assustada, muito vermelha, tentando entender o que acabou de acontecer. Acabou por tropeçar em si mesma e cair no chão, ainda digerindo o ocorrido. Mas, antes de Youta poder oferecer qualquer ajuda, ela começou.

-- E-E-E-E-Eu estou ótima!!!! Nunca estive melhor!! E-e-e-e-eu vou lá pegar uma água logo, aproveito e pego p-para mim, então, sente-se, p-p-p-p-por favor!!! @________________@ -- ela tratou de sair voada dali em direção a sala do corpo docente, e Youta ficou por ali sem entender nada.

Mas, enfim, uma chance! Ele poderia sair agora de fininho, podendo traçar alguma rota para fora do campus, só tendo de se preocupar em como passar pelos seguranças. Tinha pouco tempo e não podia simplesmente desperdiçá-lo!! Mas isso significaria também abandonar a Kotori ali... O que ele faria?

[Escolha]
[Procurar um caminho / Esperar Kotori]

O rapaz começou a andar aleatoriamente em busca de uma saída fácil. Começou a mentalizar o mapa do Campus... Considerando que ele estava no prédio E, que fica de frente pro D e ao lado do A, e que a entrada é logo na frente do prédio B, que fica uns 20 metros a frente do prédio A, ele estava relativamente perto. Além disso, ele precisava achar uma saída discreta do prédio E... Ele poderia sair pela janela do banheiro, que daria muito trabalho graças ao tamanho da mesma, mas ao mesmo tempo ele poderia se arriscar pelas saídas comuns do prédio, e torcer para que nenhum monitor do campus o veja.

[Escolha]
[Banheiro / Saída leste / Saída norte / Saída sul]

Optou por sair pela janela do banheiro. Andou até o mais próximo e arriscou sair pela janela. Deu sorte de não ter ninguém no banheiro enquanto escalava o vaso do último box, e mais sorte ainda por não ter ninguém do lado de fora da janela. Ficou ali uns minutos tentando passar sem entalar, mas o mais difícil, no final, foi passar a cintura. Depois disso foi moleza. Agora, como ele sairia? Estava mais afastado da saída, e haviam monitores andando pelo campus. Ele tinha três opções válidas, esgueirar até o muro e tentar o escalar, podia tentar chegar o bicicletário, pegar uma de um amigo emprestado e sair pelo portão bem rápido durante alguma brecha, ou tentar sair correndo na cara de pau mesmo e aproveitar o impulso pra pular o portão, que não é tão alto.

[Escolha]
[Escalar / Bicicleta / Correr]

Youta aos poucos foi se esgueirando rumo ao muro. Ele estava tendo alguns problemas, por mais que seu condicionamento físico fosse bom, ele era meio desastrado. Ele quase foi pego umas duas vezes pelos monitores, e os mesmos já estavam desconfiando que tinha algo solto pelo campus. Ele estava com um problema.
Isso acabou o desviando um pouco do caminho original, já que estava despistando os monitores. O tempo passava e a situação estava ficando realmente ruim... Se sentiu obrigado a apressar o passo... Até que finalmente chegou no portão. Logo tratou de o escalar e tudo estava dando certo... Até que um dos monitores o viu.

[Escolha]
[Correr para o parque como se não houvesse amanhã / Se entregar]

Cheio de sentimentos nobres, Youta engoliu o desespero e se empenhou em correr. Por sorte, os monitores não chegaram a reconhecê-lo, mas agora muito provavelmente vão se empenhar em investigar. Porém, isso não importava agora. Youta tinha uma missão, e o horário do almoço se aproximava. A sua irmã dependia disso , ele dependia disso.
E ele correu, e correu, e correu... Não era o mais rápido, mas uma coisa era certa, ele aguentava o tranco. E estava aguentando, e tudo estava dando certo, e ele estava chegando no parque... E ele chegou, mas pela entrada errada: estava num lugar mais elevado e acabou por tropeçar no próprio pé e cair, rolando morro abaixo até bater numa árvore. Por muita sorte ele não desmaiou, nem sofreu nada grave... Embora seu tornozelo estivesse doendo muito. Olhou em volta, percebeu que já estava no parque, mas bem afastado de qualquer estradinha. Ele pode sentir o cheiro de plantas bem irrigadas, então sabia que estava perto da lagoa.
...E então Youta se tocou. O que ou quem, afinal, ele ia encontrar no parque? Aonde? Como reconhecer?
...E se tivesse sido um trote? Afinal, aquilo tudo não fazia sentido algum. Será que Youta chegou a cogitar isso?
...Bem, agora, não importava mais. Ele já estava ali e teria de fazer algo a respeito. Tratou de tentar levantar, fazendo muito esforço. Não aguentaria muito tempo com aquela tremenda dor no tornozelo, então teria de se apoiar. Poderia procurar o lago e pedir informação, sempre tem alguém lá pescando. Ou poderia simplesmente tentar se virar sozinho e procurar as estradas.

[Escolha]
[Procurar o lago / Procurar as estradas]

O rapaz ia errando pelo bosque, lentamente, mancando. As vezes dava uns passos em falso, as vezes ameaçava cair de vez. Numa visão metafórica, poderia dizer que ele parecia um cervo indefeso em meio à grande floresta. Sim, as coisas não estavam bem para Youta. Ele estava com muita dor, não só isso, o calor aos poucos ia tomando o corpo dele. Meio dia estava se aproximando, e infelizmente não havia nada que ele podia fazer. O desespero começava a tomar conta dele, pensava que não ia chegar a ver o lago, que mal ia conseguir encontrar a pessoa. Sua cabeça agora começava a doer, sua barriga, a roncar. Fazia muito tempo desde a última vez que Youta se sentira tão impotente assim...
E com um passo em falso, novamente, ele caiu. Ele fez um esforço para se levantar e, durante o processo, olhou para frente. Finalmente havia encontrado o lago. Finalmente. Finalmente!
... Até que ele teve uma visão inesperada, na beira do lago.



E foi essa a última visão de Youta antes de algo o acertar na cabeça, fazendo-o desmaiar.